Inteligência Artificial: um novo panorama tecnológico

Para conseguirmos fazer boas apostas, precisamos saber fazer boas perguntas

em 18/01/2024

Inteligência Artificial: um novo panorama tecnológico

Por Isabela Petrosillo*

Atualmente, um dos avanços tecnológicos mais discutidos é a inteligência artificial (IA). Por isso, não é surpresa que o termo tenha sido eleito pelo dicionário inglês Collins como a palavra de 2023. Já o Cambridge, escolheu o termo “alucinar” como destaque do ano. Esse verbo é utilizado em situações nas quais a IA produz uma informação falsa, o que alerta para os desafios no uso dessa ferramenta.

Os avanços dessa nova tecnologia atravessam temas importantes para a sociedade e, por essa razão, suscita discussões variadas. De debates sobre como será a relação dos humanos com as máquinas no ambiente de trabalho até como poderemos regular o uso de nossa voz e imagem na produção de conteúdo falso. Estamos começando a experimentar uma nova relação com a tecnologia.

Ouve-se muito sobre o assunto, mas será que a sociedade e o mercado estão preparados para as mudanças que estão ocorrendo e para as que podem acontecer? Desde o lançamento do ChatGPT, em novembro de 2022, profissionais de diversas áreas têm se manifestado sobre os avanços da inteligência artificial. Um dos movimentos que mais ganharam destaque foi a greve dos roteiristas de Hollywood, que se iniciou em maio deste ano e perdurou por quase cinco meses.

Mais sobre Inteligência Artificial
Report Sinais de Mudança: Inteligência Artificial
Report Macrotendências 2024-2025
Dossiê: IA como agente de transformação da educação do século XXI
Podcast Lab de Tendencias: #28 Inteligência artificial generativa

Dos temas que compõem a pauta dessa paralisação, destaca-se aqui o uso de inteligência artificial na criação de roteiros, que impacta no fazer criativo da profissão. O tema da criatividade nos tempos de inteligência artificial generativa é central. Essa tecnologia oferece a possibilidade de gerar textos, imagens ou outros formatos de conteúdo, por meio de comandos de texto simples, conhecidos como prompts. Isso tem incitado discussões polêmicas sobre os limites da arte e da autoralidade, muitas delas oriundos de um acontecimento que se repetiu em alguns concursos, nos quais obras de arte geradas por inteligência artificial se tornaram campeãs ou chegaram próximas à vitória.

Mas, quem irá regular a IA e como isso será feito? Além dos profissionais, governos, pesquisadores e órgãos reguladores estão se posicionando com relação a isso. Na União Europeia (UE), por exemplo, o uso da inteligência artificial será regulamentado pela Lei da IA, uma lei que inaugura, a nível mundial, um novo formato de legislação sobre essa tecnologia. O objetivo central é garantir que os sistemas de IA utilizados na UE sejam seguros, transparentes, rastreáveis, não discriminatórios e ecológicos.

Por conta da velocidade do potencial disruptivo das tecnologias atuais, tem sido criado debates sobre processos de regulação antecipatória, na tentativa de trazer novas respostas a essa problemática. Nesse sentido, o Governo do Reino Unido criou o Conselho de Horizontes Regulatórios, que identifica as implicações da inovação tecnológica e fornece ao governo aconselhamento sobre reformas regulamentares.

A inteligência artificial, combinada a outras tecnologias, já mostra seu enorme potencial de impacto em diversos setores e indica sinais de mudança para o futuro. Mas, para conseguirmos fazer boas apostas, precisamos saber fazer boas perguntas. Entendendo que as possibilidades dessa inovação estão articuladas a uma série de variáveis, como a questão ambiental e o trabalho, por exemplo. O convite é seguir um olhar curioso, avaliando de que formas acontecem a interação tecnologia-sociedade e como podemos seguir futuros mais desejáveis a partir disso.

*Isabela Petrosillo é pesquisadora do Lab de Tendências da Casa Firjan. Encontre-a no Linkedin.