O Rio não pode depender da sorte: por que planejamento é o verdadeiro ativo estratégico da cidade

Painel com Rock in Rio e Rio2C reforça que a cidade avança ao substituir improviso por visão estratégica contínua

26/11/2025

O Rio não pode depender da sorte: por que planejamento é o verdadeiro ativo estratégico da cidade

Na manhã desta quarta-feira, dia 26, a Casa Firjan recebeu um dos debates mais simbólicos do Encontro Internacional da Indústria Criativa, promovido pela Firjan SENAI SESI: “A cidade como ativo estratégico: grandes eventos que levam a marca para o mundo”. O encontro reuniu Luis Justo, CEO do Rock in Rio, e Rafael Lazarini, fundador e CEO da Rio2C, sob mediação de Oswaldo Neto, da Casa Firjan. Mais do que falar de eventos, o que se discutiu ali foi sobre futuro, reputação e continuidade.

Um dos pontos altos do debate se deu quando Neto lembrou as famosas capas da The Economist com o Cristo Redentor: ora decolando, ora perdido, ora erguendo uma placa de SOS. Imagens que sintetizam como a narrativa sobre o Rio oscila conforme o noticiário — e como isso afeta a percepção global da cidade.

Luis Justo, acostumado há 40 anos a operar um dos maiores festivais do planeta, foi direto: “Não acredito em capa decolando nem em capa caindo. O Rock in Rio tem crises diárias. Mas o mais importante é trabalhar sério e de maneira consistente, com objetivos claros, propósito e planejamento a longo prazo.” A frase não era sobre música. Era sobre gestão de reputação. Sobre a necessidade de transformar os potenciais do Rio — seu imaginário, sua criatividade, sua cultura, seus grandes eventos — em uma estratégia contínua, que sobreviva às manchetes em uma estratégia contínua, que resista às oscilações do noticiário.

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Rafael Lazarini completou com um exemplo emblemático do poder da narrativa: “Há algumas semanas, tivemos uma operação do Estado que chocou o mundo e manchou a cidade. Poucos dias depois, a Dua Lipa estava no Rio, aproveitando ao máximo. Isso gerou desejo no mundo todo, e ninguém mais falava em conflito.” O ponto de Lazarini é cirúrgico: o Rio não pode depender de soluços positivos. O fato de uma celebridade postar uma foto é ótimo, mas não pode ser a única âncora da nossa reputação. “Precisamos investir em reputação para quando a gente precisar dela”, concluiu.

O debate terminou com uma síntese poderosa: o Rio tem Soft Power, tem ativos, tem história e tem grandes eventos. O que falta é coordenação, método e visão. Quando o talento encontra estratégia, a cidade deixa de reagir ao improviso e passa a liderar a própria narrativa.