'Comunicação não-violenta não deve ser usada apenas para resolver conflitos”

Para Diana Bonar, abordagem é uma forma de se relacionar sem culpa, medo ou punição

em 20/06/2020

'Comunicação não-violenta não deve ser usada apenas para resolver conflitos” 'Comunicação não-violenta não deve ser usada apenas para resolver conflitos”

Comunicação não-violenta (CNV) foi pauta do projeto Live Educação da Casa Firjan, no último dia 10 de junho. O bate-papo com a especialista em estudos da paz e gestão de conflitos, Diana Bonar, foi conduzido pela líder do programa de Educação da Casa Firjan, Mariana Teixeira.  

Na oportunidade, Diana, que em breve vai ministrar na Casa Firjan o curso Gestão de Conflitos por meio da Comunicação Não Violenta, esclareceu que a CNV funciona em cima do princípio gandhista que busca não cometer danos a si próprio ou a outra pessoa. “Não é uma ferramenta de comunicação focada somente em resolver conflitos, mas uma abordagem de vida. Uma forma de se relacionar  sem culpa, medo ou punição, desenvolvendo a noção de que todos têm necessidades humanas universais.”

A partir de técnicas desenvolvidas gradualmente, a CNV funciona como uma prevenção para manter vínculos e expressar o que é importante a fim de evitar ruídos na comunicação. “Essa noção serve tanto para conflitos, quanto para apreciação, ou seja, falar coisas boas ao outro, consciente do bem prestado. Indo além do simples elogio. ”

Para Diana, a CNV se relaciona diretamente com a empatia e a assertividade. “É estar com o outro, sustentando suas emoções em presença, sem julgamento e não necessariamente utilizando palavras. Usar palavras, é pensar em uma empatia comunicada, buscando retornar ao que a pessoa já falou, desta forma, mapear os sentimentos e necessidades que ela verbaliza”. 

A assertividade, segundo ela, é focada no que é importante para nós mesmos, mais uma vez, sem julgamentos. “Eu preciso entender o que importa para mim e passar para o outro essa necessidade, ou seja, o que eu preciso para não me sentir frustrada, mas feliz. É preciso estar preparado para receber as percepções do outro e a conversa virar uma negociação conjunta”.

“Não se pode resolver conflitos com raiva”
Na dinâmica entre necessidade, assertividade, empatia e emoções, Diana afirma que necessidades e emoções são um caldeirão de coisas que fervem e se movimentam. “Resolver conflito com raiva, por exemplo, não dá. É preciso gerir a raiva e descobrir seu cerne. Respirar e dar espaço para um pensamento lógico e racional. Isso é ser assertivo”. 

Já no âmbito empresarial, a CNV proporciona uma liderança inovadora, pois fomenta habilidades comunicacionais e emocionais necessárias na atualidade. Nesse contexto, a especialista acrescenta a importância de saber lidar com um ambiente plural e diversificado, indo além das competências técnicas. “Você não pode mudar os outros, mas você pode mudar sua forma de agir, evitando o que chamamos de contágio emocional”. E complementa: “Se você é líder de uma equipe, é importante passar um feedback construtivo, demonstrar apreciação, oferecer os tipos de escuta que cada um dos membros de sua equipe necessita, atendando para o fato de que cada membro tem necessidades emocionais diferentes.”

Dicas:
•    Utilize fatos para suportar suas percepções;
•    Evite a chantagem emocional;
•    Busque se expressar com suavidade ao falar do que você precisa;
•    Ao ouvir alguém, tente não trazer histórias suas, ao menos que auxiliem no momento de dor do próximo;
•    Desenvolva o autocontrole;
•    Tente mapear seus pensamentos, buscando identificar suas necessidades;
•    Conte com outras pessoas na busca por uma comunicação não violenta. Peça ajuda de familiares, amigos e profissional;
•    Selecione assuntos e pessoas que valham sua dedicação e engajamento quando se tratar de debates com pontos de vista opostos. Há “discussões” que não são saudáveis.
•    Ao lidar com pessoas opositoras a sua opinião, desarme-se e escute mesmo que você não concorde e busque interações saudáveis para não se desgastar.

Links:
Peaceflow
Nações Unidas Brasil: Profissionais do futuro devem aprender empatia e julgamento crítico, defende Banco Mundial
Instituto Gallup: estado do local de trabalho global

Pessoas:
Dominic Barter 
Daniel Goleman

Livros:
Comunicação não-violenta: Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais, por Marshall B. Rosenberg
O Inferno somos nós: Do ódio à cultura de paz, por Monja Coen e Leandro Karnal